sexta-feira, 4 de agosto de 2006

Notícias

Notícia: PF prende 23 em Rondônia em operação contra venda de sentenças

A Polícia Federal prendeu deputados, presidente do TJ e outras autoridades em Rondônia, em operação contra venda de sentenças. Segundo a manchete: "Grupo atuava intensamente na dilapidação do dinheiro público". Dentre os presos, muitos têm direito a foro especial, isto é, têm prerrogativas de se verem processados perante o Tribunal de Justiça. Meliantes, contudo, com prerrogativas. Novidade alguma, haja vista os criminosos, nesse país, terem comumente mais direitos que os cidadãos honestos.
Já que o assunto é Direito, cabe lembrar que o Direito é um meio de mitigar as desigualdades, e a luta pelo direito, relembrando Rudolf Von Ihering, é o dever do interessado para consigo próprio. Cabe a pergunta: Até quando o povo suportará a cabeça da hidra chamada corrupção, imoralidade e ilegalidade?
Quid vobis videtur?
(Dáuvanny Costa)

Chá de laranja e Teologia

Perguntam-me com uma frequência impertinente qual minha posição teológica. Respondo - não sem a mesma impertinência - que minha posição teológica é "de joelhos". Certamente, como Teóloga, posso defender posições mais apologéticas, todavia, há mais convicção na explicação impertinente que uso.
Visto minha crença como uma segunda pele e exprimo essa convicção porque sei o preço que ela me custou; preço esse que jamais pediria a alguém para pagar. Não creio em fé que não foi provada até quase desaparecer; não creio em vidas sem dúvidas ou incertezas; não creio no cristianismo da moda que vende milagres como se fosse uma feira de peixes; não creio em vitórias baratas; em caminho sem cruz; em sorrisos sem lágrimas. Creio apenas em Deus; naquele Deus que foi humilhado e crucificado. Alguém lembra-se?
Esse blog - e minhas defesas à fé - pode confundir os desavisados. Os escritos e as falas que ressoam de mim podem soar - aos desavisados - como contradição. Pois que seja! Dúvidas? Tenho-as, e por tê-las, busco respostas, destarte, as dúvidas me aproximam de Deus. Contraditório mesmo. Lamento por não poder explicar melhor. É minha fé, não em mim, mas naquele que me sustenta e guia mansamente mesmo nos vales da sombra da morte. Minha - pronome possessivo.
Tenho ouvido - e lido - críticas (em roupas de conselhos (?)) à minha vida cristã. Todavia, tenho perguntado constantemente o que tenho a oferecer a Deus e à sua igreja. Nada. Sou, como escreveu Kiril, o Papa, pelas mãos de Morris West, uma mulher que foi arrancada à vida, como Lázaro, e a ela voltou, pela mão do Senhor. Costumo empregar o salmo 18 para dizer que Ele me tirou das águas profundas ("as muitas águas"). Quero, por esse motivo, que Ele faça de mim a melhor, para que eu possa colaborar na condução da igreja de volta a Ele. E a igreja não é um lugar de prosperidade e gente feliz - conforme se ouve por aí - também é o lugar de homens (e mulheres) confusos, sofredores, perdidos, negados, traídos, homens e mulheres agonizantes a chorar na noite; lugar de crianças famintas e abandonadas, esquecidas, prostituídas. A igreja também é formada de pecadores e foi para esses que, de fato, o Cristo esteve entre nós.
Somos pastores negligentes. Somos egoístas e a maior parte do tempo medíocres. Não confessamos as próprias dúvidas; devo pensar que é uma raça nova de superheróis - os supercrentes, cujas orações são sempre ouvidas e respondidas (favoravelmente, lembro). Eu? Ainda pelas mãos de Kiril respondo: "oro, mas não ouço a trovoada na montanha; meus olhos não veêm os esplendores nas colinas; encontro-me entre Deus e o homem, mas só ouço o homem e a voz do meu coração" (As sandálias do Pescador, Morris West). Já vi o pior que me pode acontecer e ainda creio, portanto, isso basta. Não preciso provar nada para ninguém.
Não tenho respostas; principalmente não tenho frases prontas e mágicas. Só tenho esperança. Todavia, Deus, para mim, é tão real quanto essa xícara de chá de laranja com especiarias que agora bebo.
(Dáuvanny Costa)