terça-feira, 30 de outubro de 2007

Insuportável

Hoje não aguento mais...
ultrapassei todos os limites possíveis do suportável.
Vou ali morrer e já volto.
(Dáuvanny Costa)

domingo, 28 de outubro de 2007

Ouvindo - Sonho Impossível

"Sonhar
Mas um sonho impossível,
Lutar, quando é fácil ceder,
Vencer, o inimigo invencível,
Negar, quando a regra é vender.
Sofrer, a tortura implacável,
Romper, a incabível prisão,
Voar, no limite improvável,
Tocar o inacessível chão.
É minha lei,
é minha questão,
Virar esse mundo,
Cravar esse chão.
Não me importa saber
Se é terrível demais,
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz.
E amanhã, se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão,
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão.
E assim, seja lá como for,
Vai ter fim a infinita aflição.
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão".
(Chico Buarque/Ruy Guerra)
Versão da música “The Quest - The impossible dream” de Joe Darion/Mitch Leigh

Escritores versus Vendedores de Livros


Dia desses, alguém, ao ver um folder de livro, perguntou-me se eu poderia, em poucas palavras, falar sobre o que havia escrito. Perguntou-me, sem rodeios, se eu poderia resumir meu livro para ele se decidir (ou não) pela compra. Pergunta, aliás, que os escritores adoram; anos escrevendo para alguém querer apreender sucintamente, para decidirem se comprar. Ah! A alma humana!...

- Pode explicar melhor?...

- Posso, mas não quero.

.
(Dáuvanny Costa)

sábado, 27 de outubro de 2007

Leonardos

Ontem visitei uma exposição de Da Vinci.
Leonardo da Vinci é considerado por muitos o maior gênio da história, devido à sua multiplicidade de talentos para ciências e artes, sua engenhosidade e criatividade, além de suas obras polêmicas. Num estudo realizado por Catherine Cox, seu QI foi estimado em cerca de 180. Outras fontes mencionam 220.
Impressionante como a mente humana é ilimitada. Somos nós que a contemos...
(Dáuvanny Costa)

A ti - tudo o que sei

Amo-te. Ainda. E sempre. E hoje é apenas isso que eu sei.
(Dáuvanny Costa)

Cláusulas

"Como acordar sem sofrimento?
Recomeçar sem horror?
O sono transportou-me
àquele reino onde não existe vida
e eu quedo inerte sem paixão.
Como repetir, dia seguinte após dia seguinte,
a fábula inconclusa,
suportar a semelhança das coisas ásperas de amanhã
com as coisas ásperas de hoje?
Como proteger-me das feridas que rasga em mim o acontecimento,
qualquer acontecimento que lembra a Terra e sua púrpura demente?
E mais aquela ferida que me inflijo a cada hora,
algoz do inocente que não sou?
Ninguém responde, a vida é pétrea".
(Carlos Drummond de Andrade)

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Poema em Linha Reta

"Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza".
(Fernando Pessoa/Álvaro de Campos)

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Eu terei esperança?


Estava procurando algo para escrever aqui. Não poderiam ser meus pensamentos tampouco poderiam ser meus sentimentos porque hoje estou com a angústia dilacerando minha alma. Procurei em meus arquivos. Apenas relatos desesperadores. Não servem, pensei. Desisti de escrever. Visitei alguns blogs. Encontrei o texto abaixo no do meu amigo, André Lamano. Um texto gritando sobre coisas difíceis. O mundo pensa que é fácil. Eu poderia escrever mais umas 16 páginas apenas falando das coisas difíceis que vivi e que tenho vivido. Para quê? Isso não apaga minhas dores; não dissipa minha angústia; não alegra meu coração, e não alcança o leitor. Para quê? Isso não apaga as coisas horríveis - e às vezes ridículas - que tenho de suportar. Perdas, dificuldades, incertezas, decepções, humilhações, provocações, perseguições e desprezo. O mundo pensa que é fácil. Só consigo me lembrar de Pessoa: "Falhei em tudo" (Tabacaria).

Deparei-me com o texto abaixo. O que ele me acrescenta? Não sei mais ter esperança. O texto poderia ter sido escrito por mim - são as palavras que meus lábios vertem e hoje estou com vontade de lágrimas. O texto poderia ter sido escrito por mim - e eu quero novamente aprender a ter esperança.
(Dáuvanny Costa)

˝Eu sempre terei esperança˝(Salmo 71.14)
Não é qualquer um que tem experiência suficiente para declarar como o salmista: ˝Eu sempre terei esperança˝. Não é fácil ter esperança se não há motivo para ter esperança, senão a promessa às vezes longínqua e às vezes não muito precisa da parte de Deus. Não é fácil ter esperança se o problema é enorme, crescente, complexo e já vem de longa data. Não é fácil ter esperança se o elemento complicador são pessoas sem afeto, sem sabedoria, sem interesse. Não é fácil ter esperança se o passado é como o presente e o presente é como o passado, e tudo continua sempre na mesma. Não é fácil ter esperança se a medicina nada mais pode fazer, se a morte já está próxima, se a morte já chegou, se a morte já se foi levando nos braços o ente querido.

Não é fácil ter esperança se o túnel é sem saída, se não há nenhuma luz acesa, se não há nenhum farol junto aos rochedos, se não há nenhuma estrela no céu. A despeito de tudo, o autor do Salmo 71 quer ter esperança, não abre mão da esperança e garante que vai conseguir: ˝Eu sempre terei esperança˝. Naturalmente ele aprendeu com o velho Abraão a fabulosa arte de ter esperança contra toda a esperança (Romanos 4.18). De colocar a fé acima do raciocínio, o invisível acima do visível, o possível acima do impossível, a certeza acima da expectativa, o fato acima das emoções e o mundo vindouro acima do mundo presente.
(Elben M. Lenz César)

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Não desisto

"Acho que estou ficando velho. Ainda uso as conjunções, admito a existência do a-bê-cê e obedeço à gramática". (Carlos Drummond de Andrade)