quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Nepotismo e Retórica

Roberto Requião, governador do Paraná, emprega mulher, irmãos e sobrinhos na administração pública em seu estado. Acha, porém, que não pratica nepotismo. Segundo ele, "nepotismo é colocar uma pessoa inadequada no cargo público, parente ou não".
Errado, governador. Nomear cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau inclusive, VIOLA a Constituição federal, conforme expresso na Súmula Vinculante nº 13, do STF. Sua esposa e seus parentes são inadequados ao cargo, justamente por que a nomeação viola a Constituição. É uma ofensa ao princípio da moralidade pública, que Vossa Excelência deveria ser o primeiro a preservar.
Querer convencer os outros a respeito da adequação de parentes na administração pública, como se fosse possível abstrair a relação de parentesco, é um lamentável exercício retórico.
(Renato Pacca, do jornal "O Globo")

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Ateus e o Evangelho da Graça

Ainda não compreendo quando os ateus escrevem sobre Deus. E assumo esta minha insipiência. Por dois motivos:
1) Como alguém que não acredita na existência de Deus pode questioná-lo? Está questionando o nada? É demais que eu imagine ser altamente contraditório alguém atacar ou contra-argumentar com aquilo que, supostamente, não existe?!... Quer me parecer um trabalho intelectivo inútil. Eu, por exemplo, se fosse escrever sobre contos de fadas não perderia mais que duas linhas.
2) Por que, racionalmente, alguém perde seu tempo escrevendo sobre o que não acredita? A enantiose do escritor? Não parece mais coerente, ainda que menos poético, escrever sobre o que se acredita? (Desde que se acredite em algo, por certo).
Trarei duas suposições para esclarecer minha ilação:
No primeiro caso, Deus não existe. Ponto. Se Ele não existe, que tipo de tolo perde tempo discorrendo sobre sua inexistência? Ataca-o partindo do pressuposto de que Ele é nada. Ataca o nada. O que torna, desde o início, todos os seus argumentos nulos.
No segundo caso, Deus existe. Existindo, que tipo de tolo ataca o Deus da criação? O que espera receber? Espera que Ele se revele de uma forma privativa e distinta para contestar seus argumentos?! Imagina que suas opiniões são assim tão relevantes para Deus, de modo que Ele suprirá seu vazio espiritual dando-lhe algo que tantas vezes pessoas que verdadeiramente O buscam, não encontram?
Darwin (e Dawkins) que me perdoe, mas minha inteligência ainda me aponta o Pentateuco para a criação da humanidade. Ainda é o melhor argumento. Talvez apareça outro. Espero-o para banir minha fé; fé aqui exprimida como asseveração de um fato. Até que surja outro argumento, o meu Deus é Iavé. O Deus de Israel. O Deus do Monte Moriá e do Monte da Caveira (O Gólgota).
Há dois montes me revelando do amor de Deus e um monte de bobagens desvirtuando-o. E fiz minha escolha. Ou fui escolhida.
Por fim, transcrevo Carlo Maria Martini: “Certamente, eu gostaria muito que todos os homens e as mulheres deste mundo, mesmo aqueles que não crêem em Deus, tivessem claros fundamentos éticos para operar com retidão e agissem em conformidade com eles”.
(Dáuvanny Costa)

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Se o mundo precisa de heróis...

Todo o mundo já escreveu sobre Vanderlei Cordeiro de Lima e sobre o ex-padre Cornelius Horan. Todo o mundo sabe que Vanderlei, após ter 40 segundos de vantagem sobre os demais participantes da maratona, foi agredido e empurrado para fora da competição.
Será, então, que tenho algo a acrescentar?
Um corredor brasileiro, com grande possibilidade de alcançar o ouro, foi surpreendido por um ex-padre maluco que acredita ser um enviado divino trazendo uma mensagem muito importante à Terra.
Talvez o sentimento de Cornelius tenha sido o mesmo que o meu: Não vejo mudança significativa alguma no país (ao menos neste) após a conquista das medalhas. Gostaria de ver.
Mas não estou desculpando o Cornelius. Por que o ex-padre maluco não foi atrapalhar o jogo de vôlei quando as meninas do Brasil jogavam contra a Rússia?! Por que não fez isso com atletas cubanos ou ingleses?!
Eu não desculpo o Cornelius, mas talvez possa entender seu ato. Enquanto milhares de seres humanos passam fome em todo o mundo, são gastos milhões de dólares em Olimpíadas, copas do mundo e corridas automobilísticas.
Todos os dias há vítimas. Vítimas da fome, do frio, da violência ou do analfabetismo e o mundo inteiro volta seus olhos para os deuses gregos.
Talvez, em vez de voltar os olhos para o Olimpo, devamos voltá-los ao Céu, ao Criador. E talvez tenha sido essa a intenção do Cornelius naquele dia. Talvez tenha tentado nos fazer lembrar disso. Fez errado. Mas fez!
E quanto ao Vanderlei? Herói?
Reputo-o herói; mas não devido à medalha brônzea que ganhou ou à medalha dourada que deixou de ganhar. Reconheço que a medalha é um feito honroso (tão honroso que a seleção brasileira de futebol não compareceu, posto que não é exatamente nesse ouro que eles têm interesse...), mas ela (a medalha) não faz de ninguém um herói.
Heróis são os Policiais Militares que arriscam suas vidas todos os dias por uma sociedade indigna deles; que deixam seus pais, seus filhos e cônjuges para cumprir bravamente seu dever, tombando, muitas vezes, mas sempre destemidos, enquanto recebem soldos miseráveis por esse ofício.
Heróis são os Bombeiros que desdenham do perigo, arriscando suas vidas no salvamento de desconhecidos, enquanto recebem os mesmos soldos miseráveis.
E aqui lembro três destes heróis, que conheço bem: Sargento Carlos Eduardo Costa Lopes, 1ª Cia 2º BPChq, Cabo Arnaldo Feliciano, 10º GB e Tenente Coronel Joel de Augusto, extinto DAMCo.
Heróis são os pais que conseguem criar decentemente seus filhos num país de terceiro mundo, sustentando-os com o pão da dignidade e fazendo disso um sacerdócio.
Heróis são os universitários que não têm quem lhes custeie os estudos e, ainda assim, alcançam os ideais.
Heróis são os trabalhadores que recebem R$ 350,00 mensais e conseguem sobreviver com dignidade, num país que todos os dias faz questão de esquecê-los.
Heróis são os contribuintes que nunca vêem seu dinheiro de volta em serviços; que têm de pagar pela educação, pela saúde, garantir sua própria segurança e mesmo assim, continuam pagando seus impostos, sempre altos.
Heróis são os nordestinos que deixam sua terra e não têm medo de tentar a vida num lugar desconhecido.
Heróis são os advogados que não se vendem e que buscam a justiça, mesmo que às vezes seja ela contrária ao direito; enquanto esboçam um sorriso canhestro ao ouvirem que nenhum advogado vai ao céu.
Heróis são os juízes que mantêm imparcialidade em seus julgamentos; que não agem com venalidade e não 'lavam as mãos' à semelhança de Pilatos; que buscam corrigir injustiças, não praticar outras.
Heróis são os médicos que trabalham durante horas, passam noites sem dormir e ainda conseguem salvar vidas.
Heróis são os procuradores de justiça que realmente procuram-na. Causa incansável.
Heróis são homens e mulheres que trabalham um dia inteiro e à noite ainda olham nos olhos um do outro e podem falar de amor.
Heróis são homens e mulheres que têm firmeza de propósitos, que não abrem mão de seus sonhos e que não desistem de lutar.
Heróis são aqueles que defendem sua fé mesmo em face dos piores ataques. Exteriores e interiores. São protestantes que protestam sempre.

Heróis são aqueles que quanto mais trabalham menos têm e ainda assim toleram o rigor insolente dos credores sem mandar-lhes para algum lugar desconfortável.

Heróis são homens e mulheres que perdem tudo na vida, mas nunca perdem seus princípios.
Heróis são aqueles que têm em mente que o trabalho enobrece o homem e para quem não basta apenas herdar o patrimônio de outrem.
Heróis são aqueles que suportam com dignidade e sensatez os ataques pungentes do despeito de quem não puderam e tampouco quiseram amar.
Heróis são aqueles que correm uma maratona inteira, e mesmo que alguém – um Cornelius – lhes obste o caminho, conseguem voltar, sempre, com dignidade, com força e com coragem.
Heróis nem sempre ganham medalhas. Nem sempre ganham louros. Mas são sempre vencedores.
E é isso que faz do Vanderlei um herói. A persistência. A coragem. A paixão.
(Dáuvanny Costa, Olimpíadas de 2004)

A oração de um justo

Em comentário a texto recente do Lou, relatei-lhe que 'também' não encontrei a chave para o coração de Deus. Minhas orações não abrem as portas dos céus despejando chuvas torrenciais de bênçãos. Deus se conserva silente.

O Lou se incumbiu de perguntar a um determinado amigo anjo como andam meus pedidos lá no céu. Oxalá encontre algum. Estão cada vez mais raros de minha parte.
Ou talvez Deus os esteja tratando como spams. Deletando-os sem abrir.
Com efeito, orações não servem mesmo para alterar a vontade de Deus. Servem para alterar a nossa. E a nós.
(Dáuvanny Costa)

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Parto Anônimo (e parte anônima)

Tramita na Câmara dos deputados um projeto que prevê o denominado “Parto Anônimo”. Trata-se da possibilidade de uma mãe, ao dar à luz seu filho, não precisar se identificar, podendo, dessa forma, deixar a criança no hospital para que esse a encaminhe para adoção.
Essa prática vem sendo adotada na Europa faz algum tempo, inspirada pela prática medieval chamada de “roda dos enjeitados”. A roda dos enjeitados foi criada em Marselha, na França, em 1188. Cilindros de madeira giratórios eram instalados nas portas das igrejas e conventos e serviam para que as mães deixassem seus filhos em mãos seguras, sem que fossem identificadas. A mãe, após colocar o filho no cilindro, puxava uma campainha que avisava padres e freiras da presença da criança.
Na Europa o procedimento é parecido. Foi instalado em alguns hospitais, e a pessoa, através de uma janela, deposita o bebê em um berço equipado com sensores para alertar aos médicos que ali foi deixada uma criança. O projeto, no Brasil, tem uma pretensão deveras arrogante: coibir o abandono materno. O que, por si só, já é contraditório. O objetivo do projeto é diminuir o número de recém-nascidos abandonados, jogados no lixo, nos rios, nas ruas, expostos a toda sorte de infortúnios.
Ocorre que o projeto é cheio de falhas. E falaz.
Já existe e é legal a possibilidade de uma mãe doar seu filho. Não é crime e não implica tampouco em responsabilidade civil uma mãe entregar seu filho para adoção. Muitos hospitais já dispõem de assistentes sociais para esse esclarecimento às mães. De modo que o projeto nada acrescenta. Como salienta a Procuradora de Justiça, Dra. Maria Regina Fay de Azambuja: “Para um problema complexo, como é o abandono materno, uma solução simplista, para não dizer ingênua, é apresentada à sociedade brasileira”.
Não é possível em tão breve texto analisar uma questão tão importante quanto esta, mas tecemos estas considerações esperançosos de que nossos legisladores compreendam que o abandono materno não está somente ligado a fatores materiais, mas fatores sociais e psicossomáticos contribuem para o aumento considerável de abandono de crianças. Transcrevo parecer do Professor Luiz Edson Fachin: “As crianças nascidas não são coisas para serem entregues. São sujeitos de direito e afeto. (...) O parto sem mãe torna o filho um mero descendente genético, e seu nascimento, ao invés de ser abrigado num processo de adoção, poderá abrir os autos para uma sentença de morte”.
Creio na criação divina do mundo. No entanto, ultimamente, mesmo para crer que o homem descende dos primatas já se faz necessário ter fé. Animais não costumam abandonar seus filhos; tampouco jogá-los pelas janelas, queimá-los ou retalhá-los.
Talvez, para nossa lamentação, algumas mães estejam confundindo o substantivo parto, referente ao processo de nascimento, com o verbo partir; indo-se embora, renegando os frutos de seus ventres, negando a estes não apenas uma família, mas a possibilidade de serem amados e aceitos e negando a si mesmas a possibilidade de aprenderem uma nova forma de amor e doação.
(Dáuvanny Costa)

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

A TI. HOJE.

Hoje tudo me fala de você.
E quando não foi assim?
A manhã já traz você em seus primeiros raios de luz. As nuvens também me falam de você. O orvalho sendo derretido nas folhas, o bem-te-vi de canto triste anunciando a chuva, as plantas ansiosas pelas gotas de água, a chuva abençoada molhando a terra, o aroma exalado pela terra molhada...
Hoje tudo me fala de você.
A caneca azul sobre a mesa, o aroma suave do café (que hoje não fez para mim), as perguntas sem respostas, o computador ligado, a Bíblia, o toque do celular, o batom novo que comprei, o seu nome gravado nas jóias, os bichos de pelúcia sobre a cama, os travesseiros, o vazio de sua ausência...
Os livros nas estantes, o programa preferido na tv, a música que acabei de ouvir, os talheres que “pegamos emprestados” do tio, o roupão no cabide, os espelhos do quarto, a sirene da viatura que passou, os porta-retratos espalhados pela casa, os recadinhos colados na geladeira, o Direito concluído em minha vida, meus títulos, a munição ainda não deflagrada, minha tristeza, as crianças sorrindo, as praças vazias, o barulho dos carros, a roupa para lavar...
Hoje tudo me fala de você.
O apito do trem, a aveia no fogo, o meu sono leve, a lua trazendo a noite, os namorados de mãos dadas, as vitrines das lojas, as compras no supermercado, o jantar por fazer, o seu perfume, o caderno de receitas, as poesias, as lembranças alegres, o elã, a melancolia, o desespero, minha aliança...
Hoje tudo me fala de você.
O vento furioso, o despertador nervoso, as mudanças em minha vida, meus erros, os amigos de ontem, as esperanças adormecidas, os projetos inacabados, as lágrimas dolorosas, a incapacidade do mundo em compreender esta dor, meu primeiro pensamento ao acordar, meu último pensamento antes de adormecer...
Hoje e sempre tudo me fala de você. Hoje. Por ser hoje. Hoje. Dia de lembranças terríveis que debalde procuro esconder. Hoje indesatável do ontem. Hoje. O dia em que a vida parou.
(Dáuvanny Costa)

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

As minhas Feridas da Alma

"Desde então para cá fiquei sombrio!
Um penetrante e corrosivo frio
Anestesiou-me a sensibilidade
E a grandes golpes arrancou as raízes
Que prendiam meus dias infelizes
A um sonho antigo de felicidade!"
(Augusto dos Anjos in Eu)

Feridas da Alma

..."fístulas d'escrófula, incicatrizáveis chagas" (Fialho d'Almeida in Os Gatos)

Minhas. Também.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Livros - O Evangelho Maltrapilho

Deus sussurrou em meu ouvido: 'O Evangelho maltrapilho'.
No dia em que o trouxe para casa, cheguei do trabalho, retirei-o da pasta e li a contracapa. Ocupei-me com coisas. Quando tornei a ele, bem mais tarde, só deixei-o às cinco horas da manhã do dia seguinte. Não pude parar de ler. Não estava de folga. O 'dia seguinte' era dia de trabalho. No entanto, não pude parar sua leitura. E jamais li um livro daquele modo. As lágrimas escorriam e eu, literalmente, soluçava. À exceção de meu primeiro livro, jamais li outro livro aos prantos. Jamais até Brennan Manning.
O Evangelho maltrapilho, de Brennan Manning, desnudou-me. Desmascarou-me. Mostrou-me minhas farsas. Entrou em minha alma e arrancou-me. Vi o quanto tinha necessidade de Deus. De confiar nEle. De tê-lo em mim e para mim.
Não sou boa. Isso não é crime tampouco pecado. Na verdade, isso (ser bom) sequer é possível. Sou honesta para assumir as minhas falhas. No entanto, tenho me sentido fracassada. Brado com Fernando Pessoa, poeta português: 'falhei em tudo'. Escondo-me e duvido impudentemente do amor de Deus. Falo sobre Ele e, às vezes, falo com Ele, mas não digo: 'Senhor, sei que me amas'. Não digo, em minhas explanações, o quanto Deus é amoroso. Desconheço seu amor. Fujo dele. Sinto-me sozinha. Há dois atributos no caráter de Deus que não costumo declarar. Abstenho-me, confesso – e me sinto envergonhada por confessar: Seu amor e sua justiça. Não creio no seu amor por causa das dores que sufocam minha alma; e sua justiça...
Após a leitura de O Evangelho Maltrapilho, senti-me livre. Livre para ser eu mesma, sem querer agradar; sem querer ser gentil porque não sei agir de outro modo. Sinto-me livre para me sentir amada. Admitir, a mim mesma, que sou filha amada de um Deus amoroso e desconhecido. Esposa amada de um marido amoroso cujo único objetivo sempre foi o de me fazer feliz. Tia amada de crianças adoráveis que sabem amar como se isso fosse a obra-prima de suas vidas. Amiga amada de amigos confusos que nem sempre sabem o que dizem. Irmã amada de pessoas que não sabem demonstrar, mas nem por isso me amam menos. Admitir, a mim mesma, que mesmo não sendo digna desse amor – de nenhum deles – sou amada. E posso amar.
A vida me anestesiou a sensibilidade. Não choro lendo livros. Pode acontecer de me emocionar com determinada leitura; deixo, então, o livro no canto e me ocupo com outra coisa até poder voltar a ele. Entretanto, eu precisava chorar. Precisava ouvir Deus rasgando meu coração. E carne rasgando dói.
O capítulo sobre o segundo chamado foi água sobre uma terra árida e sedenta. Eu apenas suplicava: “Deus!”. Há algumas semanas tive uma experiência com Deus. Nada sobrenatural. Nenhuma visão ou audição. Nada de teofania. Não consegui abranger Deus com meus sentidos. Entretanto, foi a experiência mais real que já tive acerca de Deus. Liguei para um querido amigo para contar-lhe como estava me sentindo. Gracejei com ele dizendo: “Creio que me converti”. O amigo referido - Sérginho - talvez seja a única pessoa com quem eu realmente possa ser eu mesma. Sou joio e trigo. Sou virtude e vício. Naquela noite, meu coração transbordou. Meu espírito transbordou. Precisava, também, molhar a terra de alguém. Disse a ele, entre lágrimas: “não quero dormir. Tenho medo de perder isso”. E não dormi. Nem perdi.
Não foi uma teofania. Nem preciso que seja. Não preciso mais. Naquela noite Deus se fez real para mim. Ele se mostrou para mim de uma forma sem forma. Sua voz não foi ouvida como um trovão em minha sala. Ele “apenas” me mostrou sua glória. Apenas me fez compreender que não cabe em minha vida. Ele é maior.
Olho para minha vida e é esse meu óbice no relacionamento com Deus. Minha vida é injusta, portanto, Deus é injusto. Não! Ele não cabe em minha vida. Ele a abrange; a abraça e a envolve. Variações de um mesmo fato.
A graça de Deus me assusta e me confunde. Não apreendo seu caráter, por mais que deseje, mas hoje sei que Ele me ama. De uma forma que não mereço. Seu amor não está demonstrado em nada – ou em ninguém – que Ele me dê ou me tire. Está demonstrado, simplesmente, porque Ele vive em mim.
(Dáuvanny Costa)

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Perdas e Danos

Tenho relatado aqui perdas e danos. E eventuais vitórias.
Resta demonstrado que o mundo não se interessa por meu desespero. Contudo, ainda assim, sou uma desesperada. Serei-o. Um dia mais. Com toda a força que consigo ter.
(Dáuvanny Costa)

Revolte-se

"(…) O homem que se não revolta, não cria. Puxa o carro da rotina".
(Miguel Torga in Diário, vol. V).