sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A vida

"Meu irmão, - eu não estou abatido, nem perdi a coragem. A vida é em toda a parte a vida, a vida está em nós e não no mundo que nos cerca" (...)
(Dostoiévski, ao irmão Miguel, escrita poucas horas depois de conhecer sua pena)

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Entre ANILHAS e a CRUZ

A primeira vez que levantei peso a barra não pesava mais que seis quilos. Anilhas de três quilos em cada uma das extremidades. Com o tempo as anilhas foram aumentando em número e peso. Desejava efeitos imediatos. Praticava regular e disciplinadamente, as lojas especializadas passaram a ser incluídas em minha agenda, albumina e proteínas passaram a ser incluídas na dieta.
Um fator se mostrou evidente: disciplina. Disciplina imposta por meu corpo e consentida por minha alma. Disciplina para alcançar resultados que o espelho pudesse ver.
Notei, nessa circunstância, que a alma tolera os ditames do corpo sem exigir dele a mesma anuência. Notei ainda, nessa circunstância, que o corpo reluta em ceder aos pedidos da alma. Genuflectir, orar, visitar os pobres, consolar, ler as Escrituras; são atos que por vezes meu tempo não permite, e ainda que por eles a alma suspire, não consegue impor-se. Talvez porque seus resultados não sejam visíveis - no espelho.
Por vezes permitimos que supinos, crossover, leg press, extensão, flexão e roscas tenham mais importância que comunhão com Deus.
Por vezes permitimos que os ditames do corpo façam mais sentido que as súplicas da alma.
Por vezes permitimos que coisas, resultados, aparências, condições, tenham mais urgência que orar pelos que dessas orações necessitam.
Por vezes permitimos que.
Antes de atirar a primeira pedra, porém, olhe-se no espelho. Qual tem sido sua devoção?
A musculação ainda é praticada com disciplina, sem tirar os olhos, contudo, do que disciplina minha alma.
(Dáuvanny Costa)