quinta-feira, 29 de abril de 2010

Teoria da Conspiração

Cheguei à conclusão de que a Bíblia que conheço está equivocada. Com uma agravante: todas as versões que tenho trazem o mesmo conteúdo. Bíblias simples, transbordantes da simplicidade do Evangelho. Descrevem um Deus com um propósito único: imolar-se por amor à humanidade criada; descrevem a criação de um mundo perfeito, contaminado pela maldade que prolifera no coração do homem; descrevem homens e mulheres lutando e morrendo para propagar as boas novas da salvação; descrevem pessoas comuns com o desejo íntimo de servir ao seu Deus.
Os tele-evangelistas, os megapastores, os homens de negócios das igrejas evangélicas atuais, são pregadores que pregam tudo, menos a Palavra que conheço, são pregadores que pregam suas próprias convicções, seus exageros em nome da fé, suas teologias inférteis e absurdas; são pregadores que desencadeiam escândalos em lugar de pregar o escândalo da cruz.
Exploradores de gente que não entendeu a diferença entre fé e crença e que busca tesouros corruptíveis; gente que não entendeu que fé verdadeira só se desenvolve nos paroxismos da dor. Gente que não entendeu a diferença entre o Deus amoroso e um gênio da lâmpada; entre o Cristo imolado e uma barganha em um gazofilácio; entre o Espírito Santo consolador e um homem que oprime em nome da fé.
As bíblias que leio têm, aqui e ali, alguns versículos encorajadores, mas não são poções mágicas, não trazem "abre-te, sésamo" tampouco "abracadabra"; antes trazem "SE guardares os meus mandamentos" ou "Jesus chorou".
Confesso que não conheço-O. Quando pensei que poderia conhecê-lO, sofri duro golpe e, humana, quedei-me. Vacilante caminhei e sucessões de golpes atingiram-me. Não conheço-O. No entanto, me é mais reconfortante ler "e Jesus chorou" (Jo. 11.35) que "o Senhor te fará abundar de bens" (Dt 28.11). Porque bens são transitórios, mas o amor de Deus chorando por mim é para sempre.
Pontofinalizando, cheguei à conclusão de que a Bíblia que conheço está mesmo equivocada; contudo, equivocada para esses pseudoevangelhos pregados por pseudopastores que espreitam vítimas de quem possam extorquir a esperança. Seus nomes, aqui nesse blog, são impublicáveis; não dou audiência à mediocridade. É que às vezes não posso calar-me.
(Dáuvanny Costa)

Só sei que foi assim

Presentes, festa surpresa no trabalho, almoço com amigos, telefonemas carinhosos, e-mails gentis, um jantar especial, o filme "um sonho possível" no final da noite, e algumas páginas do Goffredo Telles; foi um ótimo dia no final das contas.
E eu, tantas vezes avessa à festividades, celebrei a mágica de encontrar a paz. Ao menos ontem.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Superlotação carcerária X Insegurança pública

Para fazer frente à superlotação das prisões brasileiras, projeto do Ministério da Justiça propõe que os detentos menos perigosos saiam das cadeias e passem a ser monitorados eletronicamente. A medida pode mandar para as ruas 80 mil presos, cerca de 20% da população carcerária do país.
É uma ótima solução para mostrar que o crime compensa.
(Dáuvanny Costa)

Acima da mediocridade

"Os espíritos convulsionados por algum ideal, são inimigos da mediocridade: sonhadores contra os utilitários, entusiastas contra os apáticos, generosos contra os calculadores, indisciplinados contra os dogmáticos". (Ingenieros in O homem medíocre)

Nossas aversões

"Fenômenos bizarros da contemporaneidade como a música gospel, a Teologia da Libertação ou o pentecostalismo não são, como se faz parecer, movimentos que surgiram concomitantemente à degradação do estudo teológico, que infectado pelo relativismo acadêmico europeu transpareceu amadoramente certa tendência ao niilismo. É, antes, a origem dos mesmos fenômenos. Contudo se pela retórica comum Deus ama o pecador, mas odeia o pecado, o pentecostal é desprezível antagonicamente ao próprio movimento pentecostal, que exerce suas credenciais dentro de uma aceitabilidade bíblica ainda que escassa e essencialmente contraditória. Separemos, portanto, o pentecostalismo de seus fiéis tendo em mente que os indivíduos pentecostal e protestante são como água e óleo em um mesmo recipiente. [...]"
(Filipe Liepkan)

terça-feira, 20 de abril de 2010

A salvação que depende de mim

Salvar é tirar o outro de uma situação desfavorável e colocá-lo numa situação melhor. Foi essa a obra de Jesus. Foi o que Jesus fez por nós para que possamos fazer pelos outros. No afã de pregar as boas novas do Reino (ou o que se acha que são as boas novas do Reino) talvez nos esqueçamos de que o fundamento do Evangelho é o AMOR. O amor deve nortear a nossa conduta; não amor como sentimento, que se extingue se algo nos aborrece, mas amor como escolha. Amor como o d’Aquele que nos ensina a amar.
A salvação conferida em Cristo é salvação para a eternidade, salvação pessoal e intransferível, que perdoa as nossas dívidas e nos honra sem merecimento. A salvação para a eternidade parte d’Ele, que nos amou primeiro e nos aceitou para que possamos aceitar o convite de servi-lo.
E ao servi-lo nos tornamos salvadores. Quando olho o outro com olhar de misericórdia, quando me esforço para entender suas dores, quando ouço sua história com atenção, revivo em mim a história do meu Salvador, aproximo-me de Cristo e posso ser chamada cristã. Ser cristão não é ser um próspero frequentador de igrejas, mas antes trazer no coração a história da igreja. Ser cristão não é ser um próspero pregador, mas antes ser um salvador de almas e de vidas. Salvamos almas quando propagamos a verdade do Reino e salvamos vidas quando paramos para ouvir o outro.
A bondade é alardeada em toda a parte; todos os homens gostam de se dizer bons e todos o são até que a bondade, de fato, seja exigida. A bondade do homem só dura até o momento de colocá-la em prática, até que seja necessário salvar alguém.
A salvação que depende de nós passa pela vocação de ser salvador, pela ação de fazer o outro se sentir amado. Fazer o outro se sentir amado também é propagar a Verdade.
Não uma verdade, mas a verdade que liberta.
(Dáuvanny Costa)

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Sua Excelência, o ditador

Segundo o Luis Inácio Lula da Silva, “não podemos ficar subordinados ao que um juiz diz que podemos ou não fazer”; palavras proferidas em resposta às punições da Justiça Eleitoral em virtude das campanhas que teima em fazer a favor da sua candidata à Presidência da República.
Sua Excelência está sempre mostrando a que veio. Quem tem ouvidos, ouça.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

AMAR EM SEUS VERBOS

Amar é verbo que se expande em outros.
Amar é gostar,
cuidar,
agradar,
esperar,
devotar,
lembrar,
correr na direção de.

desejar,
pensar,
experimentar,
apreciar,
entregar,
adorar,
escolher aquele que.

chorar,
necessitar,
amparar,
perdoar,
zelar,
admoestar,
fazer amor com.

enaltecer,
desprender,
querer,
aprender,
entender,
sofrer,
morrer por.
(Dáuvanny Costa)