domingo, 19 de junho de 2011

Estado laico X Minha Fé

Como operadora do Direito, folgo em saber que o STF concede aos homossexuais os mesmos direitos assegurados aos heterossexuais. Devo admitir que tergiversaram, posto que a Constituição da República assegura a TODOS os mesmos direitos, como reza o caput de seu artigo 5º.
Como operadora do Direito, ainda, defendo princípios como igualdade e dignidade. E sou desde sempre – não somente de agora – favorável a que os “parceiros” tenham seus direitos legais respeitados e sejam protegidos de toda forma de humilhação, degradação e violência. Urge que os direitos fundamentais dos homossexuais sejam garantidos.
Em verdade, são meus ideais para homens e mulheres, negros (afro-descendentes) e brancos, crianças e idosos, heterossexuais e homossexuais (homoafetivos), cultos e incultos. Em síntese, PESSOAS. Sem distinções, portanto. Urge, com maior certeza, que os direitos fundamentais de TODOS NÓS sejam garantidos.
Como cidadã, apregoo a tolerância como princípio primordial de boa convivência e cidadania; o respeito ao direito do próximo de ser como ele é, sem impor minhas convicções e valores, e a liberdade de que ajam de acordo com o que acreditam, desde que não prejudiquem o próximo.
Como cristã, por fim, mas decerto não menos importante, entendo e respeito que o Estado seja laico, mas certamente eu não o sou; alegro-me com a tolerância, com o tratamento igualitário e com o respeito às diferenças, mas não deixo de ser cristã e, assim, defender os princípios que abalizam minha fé.
Como cristã, diferentemente do Gondim, não creio que Deus “não esteja no controle”, não é lícito que acreditemos em falácias como essas e nos deixemos seduzir pelas mazelas e degradações desse mundo. Se “Deus não está no controle” tudo é permitido, assim, comamos, bebamos e morramos - como escreveu a pena de meu apóstolo preferido.
Homossexualismo não deixou de ser pecado aos olhos de Deus. Não há sequer um átomo de preconceito no que agora vou compartilhar. O amor incondicional que devo sentir pela humanidade enquanto cristã, não pode e não é maior que meu amor pelo Criador que foi imolado por causa dos pecados dessa mesma humanidade.
Os homossexuais não pecam sozinhos. Eu sou pecadora. O pecado começa em mim; começa em mim que falho em apregoar o Reino, as bem-aventuranças, o sacrifício expiatório, a Redenção.
O pecado começa em mim quando negligencio as verdades bíblicas em troca de paz com minha consciência, de aplausos dos humanistas, de popularidade nas redes sociais, de prêmios perecíveis e quiçá mortais.
Pecar, transgredir, cometer falta, errar o alvo, proceder mal. Não importa como se chame. Hoje transigimos com o pecado, reduzimos seu fardo, vamos cometendo “pecadinhos” aqui e acolá, e assim, desafogamos nossas consciências tolerando o pecado do outro. Por não ter coragem para assumir e vencer o pecado em nós passamos a interagir com ele e a aceitá-lo; em nós, no outro, na sociedade, e assim, vamos nos julgando soberanos.
Não perdoo os pecados em mim, combato-os, sofro por eles, debato-me em paroxismos recorrentes. Venço alguns enquanto surgem outros que são afagados por minha alma vaidosa até o limite da insuportabilidade, quando devem ser combatidos e extirpados. Não sou perfeita, estou sendo feita, a cada dia. Aprendo cotidianamente as máximas da gratidão, da tolerância, do respeito e do AMOR.
Amor que não é sinônimo de libertinagem. Amor que não compactua com os pecados do mundo (em mim ou em quem quer que seja). Amor que respeita o próximo, seja ele heterossexual ou não; mas que visa um alvo maior: Ser aceita diante de Deus. Piegas, dirão alguns; moralista, dirão outros. Certamente quem leu apressadamente esse texto pode ter esses pensamentos e tem todo o direito de tê-los. Como eu tenho o direito de pensar e expressar meu pensamento.
Não defendo minha fé. Não defendo minhas verdades. Não defendo Deus. Não preciso e não desejo. Nem Ele precisa.
Defendo aqui somente o direito de poder fazê-lo. Se assim desejar.
Como operadora do Direito, por fim, não posso conceber que qualquer homem ou mulher por causa da cor de sua pele ou da sua orientação ou desorientação sexual tenha mais direitos que qualquer outro homem ou mulher. Minha heterossexualidade deve ser respeitada assim como minha opinião desfavorável a quem professa outro comportamento sexual.
Urge que aprendamos a ter respeito pelo outro. Urge que aprendamos a tolerar as diferenças. Urge, sobretudo, que resgatemos as verdades cristãs, o amor de Deus vertido em sangue no Gólgota, a fé real e não uma caricatura dela. É necessário que abominemos a “virtualização” da graça, pois ela, espancada, torturada, humilhada e crucificada, não teve nada de virtual.
A Graça que só espera de mim que não seja seduzida pelos discursos do mundo.
(Dáuvanny Costa)