quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

Consequências de uma Operação ou apenas da Vida

Desde que a operação Lava-Jato, da Polícia Federal, foi deflagrada em março de 2014, o Brasil mudou bastante. 
Brasileiros foram às ruas pedir outro impeachment, alguns juristas se aproveitaram do momento para alcançar fama, vários gatunos de dinheiro público foram finalmente presos - incluindo um ex-presidente da República, após um circo de quinta categoria -, cassaram o mandato de Maria I, a louca, um vice-presidente também foi detido por poucos dias - mesmo fazendo um bom governo -, advogada pisou em jararaca, rodou a baiana e se tornou deputada, ator pornô também se tornou deputado, roqueiros se tornaram cientistas políticos, o cenário político mudou, nomes novos surgiram, caciques da política perderam eleições, um improvável presidente da República foi eleito contra todas as evidências - e sobrevivendo a um atentado -, o juiz daquela operação se tornou ministro da Justiça - com um olhar para o STF -, o STF resolveu assumir de vez que quem manda no país é o Judiciário, o presidente eleito parou de comprar aprovação - não pagou mais artistas, jornalistas ou vigaristas. 

O presidente da República se mostrou um homem de bom coração; mais do que isso, um homem do povo, preocupado com a nação, ainda que não seja um Churchill. Nomeou ministros técnicos, tentou cumprir promessas de campanha e não fez conchavos políticos. Algumas promessas estão um tanto emperradas. A economia vai bem, bolsa de valores se aproxima de 120 mil pontos, aprovou-se uma reforma da Previdência, há outras reformas no radar.

É um governo sem escândalos de corrupção. É um governo com grande dificuldade para governar. As elites políticas, jurídicas, econômicas e culturais atrapalham seu governo. É um governo que tem um ministro da Economia forte, ousado, destemido; mas tem um ministro da Justiça fraco, vaidoso e que flerta com ideais progressistas - talvez seja apenas minha antipatia por Sérgio Moro. É desalentador ter um ministro desarmamentista no governo de um Militar; é preocupante ter tentativa de nomeação de abortista num ministério da Justiça (!) - talvez seja apenas minha antipatia por Sérgio Moro. Os números da criminalidade, porém, estão sendo reduzidos. Tenhamos esperança.

O que definiu meu voto em 2018 foi a Segurança Pública. Quem acompanha esse blog já entendeu que essa é minha maior preocupação no país. Porém, não estou contente. Esperava mais. Não gosto de Sérgio Moro e não entendo essa carência que brasileiro tem por heróis. Foi assim também com Joaquim Barbosa. A cada nova personagem que agrada as massas se ouvem os gritos de: "Fulano para presidente", "vamos segui-lo", "vamos morrer com ele" - aqui é uma referência ao Júlio César de Shakespeare. Confesso: não entendo. Há heróis de verdade no anonimato. Heróis que precisam de apoio. As leis penais são fracas, o Judiciário é uma vergonha e políticos são vis. Precisamos, ao menos, de um governo federal forte. Espero que finalmente estejamos no rumo certo.

Hoje é dia de lembrar de Jerusalém. E do Brasil. 
(Dáuvanny Costa)