terça-feira, 5 de maio de 2020

Uma voz dissonante no mundo

Desde o início da pandemia, tenho acompanhado os dados mundiais pelos dois endereços que trago nessa postagem. Observo, sobretudo, a evolução do vírus chinês em países que não decretaram lockdown ou quarentena de sadios, como é, por exemplo, o caso da Suécia. A doença parece estar seguindo a mesma trajetória lá que segue no resto do mundo, sem quebrar a economia. O número de vítimas fatais nem chega perto de Espanha e Itália - que decretaram lockdown - ainda que seja superior a outros pequenos países. A Suécia sequer suspendeu as aulas infantis - ainda que tenha suspendido as do ensino médio e superior. Só isso.

Quando "iluminados" pseudoprotetores da humanidade discutem a resposta leve da Suécia ao vírus, eles adotam um tom de crítica e acusação - é necessário se perguntar o motivo. Por que aceitar cegamente as medidas impostas por um país asiático ditador, que mata seu povo e está comprando governos e emissoras de televisão pelo mundo, em vez de procurar alternativas? O estrago no país - e no mundo - já está feito, mas enfim, é sempre bom o exercício da reflexão.

A desculpa para a Itália - claro, sempre haverá uma desculpa - de que os casos explodiram porque não se decretou o lockdown antes, é puramente especulativa; e o exemplo dos países que não aderiram a ele - não foi apenas a Suécia - prova isso. A Itália não havia adotado confinamento, mas tampouco adotou outras contramedidas, sendo que teve tempo para fazê-lo; assim, a justificativa talvez deva ser a de que ela demorou a AGIR. Em vez de tomar precauções sanitárias, por exemplo, preferiu ignorar completamente o problema - ou piorá-lo, como fizeram alguns prefeitos. Postei dois mapas e os acompanho desde fevereiro de 2020. A questão é que cada país pode criar seus próprios mecanismos sem seguir determinações simplesmente matemáticas e não científicas - como o estudo do Imperial College, que é seguido pela OMS - e governantes não podem tomar medidas drásticas sem sequer serem questionados pela sociedade a quem devem servir. "Olhe para a Itália" não é um argumento, como uns e outros fazem crer.

Pode-se alegar, e com razão, que na Suécia - usei-a como exemplo, mas, repito, há outros - a educação e a responsabilidade são diferentes. São mesmo. O pensamento de comunidade faz diferença; se importar com o outro com quem dividimos o barco faz diferença. Nesse contexto, destruir o país - ou desejar que seja destruído - por não se gostar do chefe do Executivo, convenhamos, é um sentimento ordinário.

Eu oro pelas vítimas do vírus chinês; mas também pelas vítimas dos tiranos, da tragédia econômica e das vítimas da criminalidade que grassa nesse país e que não está de quarentena.
(Dáuvanny Costa)