Procurei equilíbrio nas opiniões
que li. Encontrei pouco. Digladiam-se de um lado radicalistas cegos defendendo
o direito de a mulher abortar um feto indesejado, e de outro, fundamentalistas
cegos guiados mais por paixão que por razão.
É assunto tão intricado que nem
mereceria ser tratado aqui em algumas linhas que parecem ao acaso. Abstive-me.
Recebi algumas mensagens perguntando minha posição. Novamente só posso dar
minha resposta impertinente: minha posição é de joelhos. Sendo para julgar, é
assim que julgo. Julgo sendo julgada. Julgo claudicante.
Respeito a decisão do STF.
Respeito a coragem dos Ministros em enfrentar o assunto enquanto os
legisladores se escondem fazendo o que melhor sabem: lograr. Legisladores
pusilânimes que se fingem anencéfalos – se isso fosse possível.
Anencefalia não comporta chistes
– e lamento profundamente pelos que o fazem.
O sofrimento de uma família
acometida por tal fatalidade não pode ser mensurado (os esquerdopatas
reiteradamente trazem à baila defesas intransigentes do feminismo – não
entrarei nesse jogo). Quem sofre é a família. A mulher, especificamente, por
carregar o feto e sofrer as transformações em seu corpo; mas é dor familiar. E
quando o assunto é dor, cada um sabe de si. Não somos semideuses; não
conhecemos a dor alheia.
Por outro lado, a crença em um
Deus que não tolera o pecado, não pode ser transacionada. “Não matarás” – Ele
ordena. E eu creio. Considero que Israel vivia em guerras – e nem por isso
deixo de crer. Ele próprio se proclama “o Deus da guerra”; gosto de chamá-lo “Senhor
das hostes”. E Ele voltará um dia para guerrear – eu creio.
Aborto é matar. É fazer vítimas.
Vítimas que não sabem e não podem defender-se. Vítimas que não escolheram ser
concebidas – e ser concebidas com enfermidades que dilaceram nossas almas.
Não comungo com aqueles que
defendem entusiasticamente o direito de a mulher “escolher”. Escolha é o que se
faz antes da concepção. Conceber ou não. Alguns alegam que feto não é pessoa.
Ora! Feto é vida, vida concebida por quem, tempos depois, deseja ser seu algoz
em nome do culto à felicidade – falo dele em outro momento.
Assim, para evitar a dor de criar
uma criança desenganada, fazemo-nos enganados. Erramos. Transacionamos com o pecado; agora sem culpa, afinal, a jurisprudência - nem tão prudente assim - garante.
(Dáuvanny Costa)
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