Inicio com uma frase muito usual
ultimamente: não me representam. O tal "gigante adormecido" que caminha pelas
ruas não passa de uma massa homogênea e disforme que não conhece limites e não
respeita autoridade.
Acompanho as manifestações com
preocupação e temor buscando alguma identificação, algo com que também possa
alegrar-me. Não encontro. Pululam descontentamentos na massa. Os protestos
transitam entre os mais distintos: O preço da passagem é muito alto – deveria
ser de graça. O número de creches é pequeno – deveria ser maior. Os hospitais
possuem poucos leitos – deveriam possuir mais. Os preparativos para a Copa do
Mundo empreenderam muito dinheiro público - mas há complacência com as "bolsas-tudo". Os ingressos para a Copa das
Confederações deveriam ser de graça; as escolas deveriam abrir mais vagas; deveria haver mais policiamento nas ruas - mas não nas ruas por onde passam os manifestantes e
etc.. Causa-me espécie a celebração dos incautos.
Intrinsecamente, os protestos são
todos pela mesma causa: mais intervenção estatal e mais "coisas de graça". Quase
todos. Havia ali uma pequena minoria defendendo o livre mercado e carregando
cartazes com citações de Ayn Rand. Ali, no meio da turba, homogeneizando-se com
ela e celebrando aparecer nas páginas da Carta Capital. Nauseabundo. Intrinsecamente, os
protestos ganharam a mesma causa: aparecer.
As caminhadas são pelos mais
variados motivos, por todos os motivos, e, inclusive, pelo direito de outrem
protestar. Protesto pelo protesto. Revolução que se agita no seio da massa, em
sua caminhada sem sentido, homogênea conquanto polimorfa, engajada em
causa encetada por grupos radicais que visam o poder, grupos que foram traídos
pelo governo da situação, governo esse que, momentaneamente, se desfez de seus
ideais marxistas e seguiu a cartilha do antecessor – não que o antecessor fosse
melhor, obviamente; apenas menos nocivo.
As caminhadas não são agendadas
para o final de semana. Elas não servem ao seu propósito se não atrapalharem o
trânsito e a vida dos trabalhadores que voltam para casa após o expediente
diário. Elas não servem se não promoverem o caos, a baderna, o vandalismo e os
ataques à Polícia. Elas não servem – principalmente em São Paulo – se não
atacarem o governo da oposição – que nem oposição sabe ser.
Exultar quando os oportunistas
seguem o padrão do governo federal – fingindo rivalizar com ele – apenas gera
transtorno, não torna o Brasil um país melhor para nós ou para gerações vindouras. Os
métodos utilizados pelos organizadores dos protestos são os mesmos métodos
seguidos por aqueles que eles fingem odiar: confusão e caos. Saber que
Policiais são agredidos e condenados e mesmo assim celebrar não torna ninguém
melhor que os criminosos que tomaram o país de assalto – ainda que tenha sido
pelo voto popular.
Constrange-me encontrar representantes da Ordem
dos Advogados do Brasil por ali. Coniventes com a massa, eles não protestam –
seja lá o que isso signifique no momento; apenas observam solidários,
aguardando qualquer violação de direitos para agir. Policiais foram insultados
e agredidos no exercício de seu ofício – dentre os quais destaco o soldado
Wanderlei Paulo Vignoli, covardemente espancado pela turba ensandecida – e não
receberam da OAB olhar de complacência.
Surpreendentemente, o art. 2º do
Estatuto de Ética da OAB (Lei 8906/94), reza: "O advogado, indispensável à
administração da Justiça, é defensor do Estado democrático de direito, da
cidadania, da moralidade pública, da Justiça e da paz social, subordinando a
atividade do seu Ministério Privado à elevada função pública que exerce [...]".
Solidarizar-se com a desordem não é atribuição da OAB; a anuidade escorchante
arrancada dos advogados não deve servir a fins escusos. A função da OAB é
defender os interesses dos advogados, haja vista esses a manterem, bem como os
interesses da sociedade, defendendo a democracia. Onde se encaixa, no artigo
aludido, a presença da OAB no meio da manifestação?
Obviamente não estou satisfeita
com o status quo; mas minha ideia de justiça não compactua com mais "coisas
grátis" para quem nunca fez sacrifícios na vida, para quem não empreendeu
qualquer esforço pessoal e para quem não sabe o significado da palavra dor.
Luto por condições dignas em que cada um possa adquirir educação e saúde de qualidade
e para que cada um possa melhorar sua vida por si mesmo. Luto por punição
exemplar para criminosos, destarte, não posso ser conivente com delitos de
qualquer ordem.
Não seja ingênuo; não se deixe enganar por discursos vazios e
não compactue com o mal. Não pense que pode "vencer o inimigo" em um campo que
ele conhece bem. No meio da turbamulta, erga os olhos e não será difícil
enxergar os destroços e os rumos. Nós, os indivíduos privilegiados, os
que conseguimos enxergar o abismo para onde segue a caminhada, somos melhores do
que isso e podemos dizer, sem receio: "não temos nada com isso e vocês não nos representam". O projeto gramcista em curso no Brasil deve ser abortado NAS URNAS. Ou viraremos Cuba – com turba ou sem turba.
(Dáuvanny Costa)
(Dáuvanny Costa)
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