segunda-feira, 17 de setembro de 2012

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Ao arbítrio de alguns

O assunto é tormentoso e absolutamente delicado. Abstive-me de comentar. Preferi observar. O STF julgou a ADPF 54 – aborto de fetos com anencefalia. Acompanhei os dois dias de julgamento e li muitas opiniões acerca do assunto. É bastante simples a atitude de não racionalizar.
Procurei equilíbrio nas opiniões que li. Encontrei pouco. Digladiam-se de um lado radicalistas cegos defendendo o direito de a mulher abortar um feto indesejado, e de outro, fundamentalistas cegos guiados mais por paixão que por razão.
É assunto tão intricado que nem mereceria ser tratado aqui em algumas linhas que parecem ao acaso. Abstive-me. Recebi algumas mensagens perguntando minha posição. Novamente só posso dar minha resposta impertinente: minha posição é de joelhos. Sendo para julgar, é assim que julgo. Julgo sendo julgada. Julgo claudicante.
Respeito a decisão do STF. Respeito a coragem dos Ministros em enfrentar o assunto enquanto os legisladores se escondem fazendo o que melhor sabem: lograr. Legisladores pusilânimes que se fingem anencéfalos – se isso fosse possível.
Anencefalia não comporta chistes – e lamento profundamente pelos que o fazem.
O sofrimento de uma família acometida por tal fatalidade não pode ser mensurado (os esquerdopatas reiteradamente trazem à baila defesas intransigentes do feminismo – não entrarei nesse jogo). Quem sofre é a família. A mulher, especificamente, por carregar o feto e sofrer as transformações em seu corpo; mas é dor familiar. E quando o assunto é dor, cada um sabe de si. Não somos semideuses; não conhecemos a dor alheia.
Por outro lado, a crença em um Deus que não tolera o pecado, não pode ser transacionada. “Não matarás” – Ele ordena. E eu creio. Considero que Israel vivia em guerras – e nem por isso deixo de crer. Ele próprio se proclama “o Deus da guerra”; gosto de chamá-lo “Senhor das hostes”. E Ele voltará um dia para guerrear – eu creio.
Aborto é matar. É fazer vítimas. Vítimas que não sabem e não podem defender-se. Vítimas que não escolheram ser concebidas – e ser concebidas com enfermidades que dilaceram nossas almas.
Não comungo com aqueles que defendem entusiasticamente o direito de a mulher “escolher”. Escolha é o que se faz antes da concepção. Conceber ou não. Alguns alegam que feto não é pessoa. Ora! Feto é vida, vida concebida por quem, tempos depois, deseja ser seu algoz em nome do culto à felicidade – falo dele em outro momento.
Assim, para evitar a dor de criar uma criança desenganada, fazemo-nos enganados. Erramos. Transacionamos com o pecado; agora sem culpa, afinal, a jurisprudência - nem tão prudente assim - garante.
(Dáuvanny Costa)