terça-feira, 20 de novembro de 2007

Livros - Sonhos Despedaçados

Os livros se apertam nas estantes. Deito meus olhos sobre eles e confesso que com alguns eu apenas flerto. Manuseio-os fortuitamente. Esses aguardam meu contato.
De outros, sou íntima; não os faço esperar. Leio e releio. Sublinho e rabisco. Alguns me atraem, me confundem e fascinam.
Alguns são tão meus que às vezes nem posso crer que não foram concebidos por mim. Hoje escolhi um desses para fazer dele meu assunto. Sonhos Despedaçados, do Larry Crabb, é minha história. Sou eu pintada por outras cores, grafada por outras linhas... Sou eu e os fragmentos de meus sonhos - e de minha alma.
Quando os sonhos se frustram, poucas coisas nos dão prazer na vida e as únicas opções parecem ser negar e manter as aparências. Fugir e fingir. Alguém pode nos acusar de dissimulação. Que nos acusem - é um fato. Volto a ele em outro texto. Hoje escrevo sobre 'Sonhos Despedaçados'.
Crabb não tenta explicar; apenas sensivelmente nos guia por um caminho de esperança. Como lhe é peculiar, foge dos chavões e das respostas simplistas para demonstrar que há algo além do que nossos olhos alcançam - ou não alcançam. A dor é sempre uma experiência solitária. Amigos podem nos oferecer ombros, ouvidos, dinheiro, tempo, palavras, livros ou uma xícara de café. Podem ficar conosco, nos dar carona, segurar-nos as mãos e até se despojar de tudo para tentar alegrar-nos. Amigos, todavia, não conhecem as nossas dores mais profundas e aterradoras. Conhecem, apenas, o que permitimos. Sequer sonham com os horrores que nos habitam as almas. Horrores esses que nos fazem desesperados e desiludidos com Deus.
Crabb não recita mantras bíblicos para fazer com que nossa superfície se sinta melhor. Ele nos confronta com a realidade do Evangelho. Puro e simples.
Não é, certamente, leitura recomendada para quem não tem sonhos despedaçados; para quem não experimentou fracassos na caminhada; para quem não aspirou a morte, impudente ou furtivamente. Não é leitura recomendada para os que não caem porque nunca subiram o suficiente para cair.
É um livro para sedentos. Para quem anseia por ter um relacionamento com Deus que exceda a todos os demais, por comunhão com outros e por transformação de vida. O livro não proporciona isso, mas abre as portas para que o entendimento de nossas reais necessidades possa se revelar em nós e por meio de nós. Independentemente das circunstâncias que sujeitam as nossas vidas. "Até descobrirmos o quão perto chegamos de desistir de Deus (...), não saberemos muito bem o que significa nos entregarmos inteiramente a ele" (Larry Crabb). Tenho livros esperando para sentirem meus dedos, para me olharem enquanto desvendo seus segredos e para conquistarem minha devoção. Talvez esperem um pouco mais; minhas releituras do Crabb são mais urgentes. O livro nasceu em mim e agora se confunde comigo. Leio e recomendo.