domingo, 25 de novembro de 2007

Os amigos que risco

Um amigo, em referência à uma de minhas 'postagens', escreveu:
"Não consigo riscá-los [livros], nem rabiscá-los. Não consigo escrever neles. Muito mais do que meus amigos, são meus mestres, meus superiores.
Não consigo."Com a devida autorização publico seu comentário e minha resposta:

Também me era custoso - até o 2º Ano da 2ª Faculdade. Os motivos eram diversos (incluindo, na maioria das vezes, serem eles emprestados das Bibliotecas). Não conseguia. Eram meus superiores.
No entanto, volto e revolto aos livros e, nessas vezes, perdia longo tempo para achar a página ou a frase que me desassossegava ou me era necessária. Também descobri, nessas voltas e revoltas, que podia discutir com eles e a melhor forma de fazer isso era (sim!) neles. Capazes de me conter.
Não faço orelhas - isso é inadmissível! -, mas suas páginas estão repletas de papéis abarrotados de notas. Papéis, todavia, se perdem, são retirados ou mudados de lugar. Quando eu me canso de pensar daquela forma, impudentemente os retiro, mas meus marca-textos são implacáveis. Impedem-me de esquecer as opiniões de ontem. De quem eu era. Do que eu pensava. Comecei acanhadamente essa minha contravenção. Sublinhas frugais - e a lápis. Aqui e ali. Descompromissadamente. Descompromisso que se tornou sério. Patente. Urgente.
Eu estou lá. Em cada rabisco, em cada anotação, em cada sublinha. Sou eu e meus eus.
Não conseguia. Eram meus superiores. E os superiores se tornaram mestres. E os mestres, amigos. E os amigos conhecem nosso coração. Os melhores.
Simples assim.
(Dáuvanny Costa)