domingo, 10 de fevereiro de 2008

Oportunidade de amar

Amo meus sobrinhos independentemente do que possam dar-me. Na verdade, nem podem me dar nada - além deles mesmos. E isso é tudo o que importa. Não os amo esperando algo deles. São crianças; alguns ainda são bebês de colo. Não há nada que possam me oferecer - além deles mesmos.
Não têm experiência de vida, não são bem-sucedidos, não são cultos, não têm grandes assuntos. Às vezes me irritam com sua "falta de tato". Eu, adulta sofisticada, que com freqüência me esqueço da criança em mim. Eu, tola.
Eles não têm nada - além deles mesmos. Oferecem-me o melhor amor que têm. E me oferecem graciosamente uma coisa que eu nunca poderia comprar: oferecem-me a oportunidade de amá-los.
Amo-os sem esperar nada em troca. Puxa! Eu nem sabia que poderia amar assim! Em uma sociedade tão preocupada com valores e status, em uma sociedade que constantemente nos acusa de amarmos por precisarmos, nos acusa de procurarmos as pessoas por interesse; amar assim soa como uma dádiva - ou uma afronta. E, amando assim, só espero não acusar esses pequenos se um dia recusarem meu amor.
(Dáuvanny Costa)