terça-feira, 1 de setembro de 2009

Insone

Não durmo bem. Nunca dormi. Com o passar dos anos – não tantos anos assim, por óbvio – esse estado tem se agravado. Demoro a deitar. Deito e não durmo. Reviro-me na cama larga e olho o relógio que faz as horas correrem enquanto meu sono desaparece. Penso. Pensamentos que desassossegam-me. Tanta coisa que não sei, tantas histórias que não conheci, tantos sorrisos que não sorri, tanta felicidade que não senti, tanta vida que não vivi. Não sei nada - embora pareça achar que sei. Desesperadamente quero abraçar o mundo e os pensamentos incomodam-me. Tudo que ainda não fiz. Por medo ou ignorância. Falta de tempo ou dinheiro. Falta de espaço. Falta de mim. Perdi amigos e queria agora abraçá-los. Perdi oportunidades que passaram sorrateiras sorrindo cínicas diante de mim. Perdi tempo. Tempo que não volta. Amigos que não voltam. Amargurados ou somente ausentes.
Perdi a história. Perdi-me.
Acordo cansada por horas não dormidas, fugidas ao sono, fugidas ao descanso; entregue a pensamentos que não trazem mudança. Abro livros para tentar sanar a ignorância que me angustia. Desespero-me de saber tão pouco. Quero mais. Busco mais. Preciso de mais. Mais conhecimento - embora conhecimento não signifique sabedoria. As muitas letras trazem cansaço. Livros demais e tempo de menos. Ânsia demais para saber o que não sei e tempo de menos para aprender o que desejo.
Não durmo bem e o relógio denuncia meu desassossego de existir.
Outra noite assim.
(Dáuvanny Costa)

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