quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Retratos

"Tudo na vida clama que a felicidade terrena está destinada a ser malograda ou reconhecida como uma ilusão. Os dispositivos para isso encontram-se profundamente na essência das coisas. [...] A vida se expõe como um engodo contínuo, tanto em coisas pequenas como grandes. Caso ela tenha prometido, não cumpre; caso cumpra, é para mostrar quão pouco digno de desejo era o desejado: assim nos enganam ora a esperança ora o objeto da esperança. Forneceu-nos a vida algo, é para nos tirar. O encanto da distância nos mostra paraísos, os quais somem como ilusões de ótica quando nos permitimos ser por eles ludibriados. A felicidade, em consonância com tudo isso, reside sempre no futuro, ou também no passado, e o presente é comparável a uma pequena nuvem negra que o vento impele sobre a superfície do sol: em frente e atrás tudo é brilhante, apenas ela mesma lança sempre uma sombra. O presente, por conseguinte, é a todo momento insuficiente; o futuro, entretanto, incerto; o passado, irrecuperável. [...] A vida é um negócio que não cobre os seus custos."
(Schopenhauer in O mundo como vontade e representação)

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