quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Vale da Morte

Quase tudo já foi dito sobre uma das maiores tragédias ocorridas no país, portanto, não pretendo ser original - apenas fazer coro com as milhares de vozes e letras que se levantam neste momento. Tragédias como a de Brumadinho são previsíveis e recorrentes neste país e ocorrem em virtude da ausência do Estado, da corrupção desenfreada e do descuido com o semelhante. É momento de lamentar e não de procurar culpados, contudo, o secretário do Meio Ambiente de MG, Germano Luiz Gomes Vieira, assinou norma, em dezembro de 2017, que alterou os critérios de risco de algumas barragens e que permitiu a redução das etapas de licenciamento ambiental no Estado. Alie-se a isso a negligência, a ganância, o despreparo, a vileza e, por fim, a incompetência na fiscalização. 
Importante salientar que a Vale é responsável por milhares de empregos naquelas regiões e pelo sustento de inúmeras famílias e cidades, portanto, não se pretende demonizá-la - eu não pretendo -, mas acentuar que os responsáveis têm o dever de dar total assistência às pessoas atingidas, operar com maior responsabilidade daqui em diante e, devidamente apurada a culpa, sofram as devidas punições. 
Fato: após três anos da tragédia de Mariana, ninguém foi preso e muitas vítimas ainda lutam por reparação confiando em um Judiciário, infelizmente, lento e que julga de acordo com leis inteiramente brandas. 
Minhas orações por Brumadinho e por cada vítima dessa indizível tragédia no VALE da morte ali instaurado. Minhas orações também pelos inúmeros profissionais que desde sexta-feira cumprem heroicamente seu ofício e pelos voluntários que procuram amenizar as dores daquelas vidas. Algumas vítimas não voltarão para suas famílias; outras carregarão feridas e cicatrizes por toda a vida, feridas essas que não poderemos remover, mas certamente podemos oferecer amparo para seguirem em frente. Ofereçamos. 
(Dáuvanny Costa)

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