sábado, 25 de fevereiro de 2006

Sobre Leis

Sou operadora do Direito, e como tal, posso formular conceitos sobre leis; mas como ser humano posso lamentá-las. E ora lamento.
Malditas leis ultrapassadas e lenientes, operadas por rábulas interesseiros, que se lixam para as inúmeras dores e misérias das vítimas. Em alguns casos, só a Lei de Talião promoveria uma "justiça" mais aceitável: olho por olho, dente por dente. Hammurabi estava certo, reconheçamos, e Levítico ainda é um livro atual. As leis ocidentais são o paraíso dos criminosos.
Você não conhece minha história (nem conhecerá), mas há tantas histórias sendo escritas cotidianamente debaixo desse sol. Algumas vezes são histórias de vitórias; mas em maior número são histórias de lágrimas e dores. Que essas histórias bastem para que possamos acordar do sono de omissão que vivemos. Também choro de dor, e por isso não tenho descanso... escolhi ser um "Dom Quixote"; nas palavras de Florbela Espanca: "...Sou uma céptica que crê em tudo, uma desiludida cheia de ilusões, uma revoltada que aceita, sorridente, todo o mal da vida, uma indiferente a transbordar de ternura. Grave e metódica até à mania, atenta a todas as sutilezas dum raciocínio claro e lúcido, não deixo, no entanto, de ser uma espécie de D. Quixote fêmea a combater moinhos de vento, quimérica e fantástica, sempre enganada e sempre a pedir novas mentiras à vida, num dar de mim própria que não acaba, que não desfalece, que não cansa!" O cavaleiro da triste figura talvez fosse louco; talvez fosse apenas obsedado pela justiça. Justiça existe? Agora sei que não; mas não posso deixar de lutar, nem de sonhar. Estou dando o melhor de mim. O pouco que resta; minhas noites de sono, meu esforço e meu próprio coração quase embrutecido por um mundo mau. Estamos todos? Será? ... Condoer-se da dor dos outros não é ajudá-los. Dó não é compaixão e não tem nada de solidariedade. Compaixão significa "sentir o mesmo que o outro", se aproximar dele o suficiente para sentir seu coração, "sofrer com". Eloqüente.
(Dáuvanny Costa)

Um comentário:

Anônimo disse...

doce dáu...
compartilho os sentimentos.
Carlos