terça-feira, 21 de outubro de 2008

O bandido e os mocinhos

Pensei em tecer várias considerações sobre o assunto.
Dizer que não é justo vilipendiar uma Polícia que é, sim, eficiente. Uma Polícia que é, sim, bem preparada, mesmo com os parcos recursos de que dispõe, mesmo com a demagogia dos discursos vazios dos políticos, mesmo com a execração pública da imprensa, mesmo com a veleidade da população seduzida pelas imagens das telinhas e mesmo com os ridículos soldos que recebem.
Pensei em dizer que não é justo atacar a reputação da Polícia quando o bandido estava lá dentro, armado e preparado para o pior. Pensei em gritar que os únicos que devem ser repelidos e condenados são os bandidos e não os homens que são [mal] pagos para nos proteger. Pensei em gritar: "Parem com isso!"
No entanto, isso é cediço. Todos sabem, apenas preferem fingir que não é assim. É mais divertido seguir a tropa (que não é a de elite), afinal, pensar é mesmo complicado quando o assunto está ali, pisado e repisado, comentado ad nauseam, quando os 'especialistas', analisando vídeos dariam outro rumo à história; quando 'especialistas', sentados em frente a equipamentos, teriam soluções melhores: "Numa terra de fugitivos, aquele que anda na direção contrária parece estar fugindo", escreveu o poeta T. S. Eliot. O país enlouqueceu e nós, que tentamos fugir, parecemos os loucos.
Renunciei ao texto que escreveria. Nesse circo, somos todos súditos dos palhaços que elegemos.
(Dáuvanny Costa)

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