quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Tragédia Humana

O acidente ocorrido no parque Hopi Hari expõe à vista a essência da natureza humana. Não me refiro ao sinistro em si mesmo – que pode ter sido um acidente lamentável, cabendo ao Inquérito Policial evidenciar os fatos.
Refiro-me à indiscutível impassibilidade dos responsáveis pelo funcionamento do parque – que seguiram a rotina, venderam ingressos, cumpriram o programa.
Refiro-me à indiscutível apatia impiedosa dos usuários, claramente demonstrada por frases insuportavelmente repulsivas: “não é porque aconteceu com ela que vai acontecer comigo (sic)”, “como explicar para uma criança que ela tem de voltar para casa?” (sic), “compramos o ingresso e vamos nos divertir [...]” (sic).
Envergonho-me. Suspiro constrangida. Lamento.
Lamento pela humanidade que se perdeu nesses corpos, nessas mentes, nessas almas.
Os pertencentes a essa casta são facilmente identificáveis: são aqueles que vociferam contra o capitalismo, que defendem o coletivismo, que pregam ajuda ilimitada aos "mais fracos" e que "amam" o próximo. Tudo isso [...]. Contanto que o próximo esteja muito distante deles e seja apenas um nome indefinido, um morador de um terreno invadido - de outrem, obviamente -, um benefício de bolsa-família que está sendo pago com o trabalho de um contribuinte esperançoso. Eu, particularmente, os chamo hipócritas.
A menina, Gabriela Yokari Nichimura, é alguém, filha de alguém, irmã de alguém, amiga de alguém, e ainda que eu não conheça nenhuma dessas pessoas, lamento. A morte – sempre estúpida, sempre malévola, sempre odiosa – não pode ser simplesmente ignorada em nome do amor excessivo ao próprio bem.
(Dáuvanny Costa)

"A morte de qualquer homem me diminui, porque eu faço parte da humanidade" (John Donne).

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