quinta-feira, 14 de agosto de 2008

A TI. HOJE.

Hoje tudo me fala de você.
E quando não foi assim?
A manhã já traz você em seus primeiros raios de luz. As nuvens também me falam de você. O orvalho sendo derretido nas folhas, o bem-te-vi de canto triste anunciando a chuva, as plantas ansiosas pelas gotas de água, a chuva abençoada molhando a terra, o aroma exalado pela terra molhada...
Hoje tudo me fala de você.
A caneca azul sobre a mesa, o aroma suave do café (que hoje não fez para mim), as perguntas sem respostas, o computador ligado, a Bíblia, o toque do celular, o batom novo que comprei, o seu nome gravado nas jóias, os bichos de pelúcia sobre a cama, os travesseiros, o vazio de sua ausência...
Os livros nas estantes, o programa preferido na tv, a música que acabei de ouvir, os talheres que “pegamos emprestados” do tio, o roupão no cabide, os espelhos do quarto, a sirene da viatura que passou, os porta-retratos espalhados pela casa, os recadinhos colados na geladeira, o Direito concluído em minha vida, meus títulos, a munição ainda não deflagrada, minha tristeza, as crianças sorrindo, as praças vazias, o barulho dos carros, a roupa para lavar...
Hoje tudo me fala de você.
O apito do trem, a aveia no fogo, o meu sono leve, a lua trazendo a noite, os namorados de mãos dadas, as vitrines das lojas, as compras no supermercado, o jantar por fazer, o seu perfume, o caderno de receitas, as poesias, as lembranças alegres, o elã, a melancolia, o desespero, minha aliança...
Hoje tudo me fala de você.
O vento furioso, o despertador nervoso, as mudanças em minha vida, meus erros, os amigos de ontem, as esperanças adormecidas, os projetos inacabados, as lágrimas dolorosas, a incapacidade do mundo em compreender esta dor, meu primeiro pensamento ao acordar, meu último pensamento antes de adormecer...
Hoje e sempre tudo me fala de você. Hoje. Por ser hoje. Hoje. Dia de lembranças terríveis que debalde procuro esconder. Hoje indesatável do ontem. Hoje. O dia em que a vida parou.
(Dáuvanny Costa)

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